Jovem ficou um ano preso por tráfico de drogas e conseguiu provar inocência, mas morreu no dia que seria liberado. Ele ficou duas semanas passando mal dentro da unidade e família não foi informada sobre o estado de saúde. Briner de César Bitencourt tinha 23 anos
Arquivo pessoal
A cozinheira Élida Pereira, mãe do Briner de César Bitencourt, de 23 anos, recebeu um e-mail da Unidade Penal de Palmas agendando uma data para ela visitar o filho. O jovem morreu há quase um mês após passar mal dentro da prisão no dia que seria liberado depois de ser inocentado.
“Ontem eu fui visitar o túmulo dele [no Dia de Finados]. Como que eu vou visitar esse menino na unidade penal se ele morreu lá dentro dia 10 de outubro. Eles nunca deram baixa e ainda têm coragem de mandar um e-mail desse”, lamentou a mãe.
A Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju), responsável pelo sistema prisional, disse que se tratou de uma mensagem automática e afirmou que lamenta profundamente a grave falha cometida. (Veja nota completa abaixo)
Briner era motoboy e ficou detido um ano por tráfico de drogas. Ele passou esse mesmo tempo tentando provar sua inocência e foi absolvido no dia 7 de outubro. O alvará de soltura só saiu horas após ele morrer no dia 10 de outubro.
LEIA TAMBÉM
Prontuários mostram a linha do tempo com sintomas de Briner Bitencourt, que morreu no dia que seria liberado de presídio
O pedido de visita foi feito pela mãe antes da morte. O último encontro, segundo a família, tinha sido no dia 18 de setembro. Tanto os parentes de Briner como a advogada dele informaram que não tiveram conhecimento do estado de saúde e foram surpreendidos quando a secretaria ligou informando a morte.
O comunicado do agendamento tinha sido enviado na terça-feira (1º) e foi visualizado nesta quinta-feira (3) pela mãe. “A Unidade Penal Regional de Palmas informa que seu cadastro para visita e a manifestação de interesse foi aprovado. Sua visita será no dia 20/11/2022 das 9h às 11h (manhã)”, dizia o e-mail.
E-mail agendando visita para preso que morreu após passar mal na cadeia
Reprodução
Para a família a comunicação soou como uma “piada de mau gosto”.
“Todo dia que eu acordo eu peço a Deus que isso não tenha acontecido, tenha sido só um pesadelo. E aí abrir esse e-mail marcando visita para ver ele dia 20. É como se não tivesse consideração, como se fosse nos outros meses que eu ficava ansiosa para receber esse e-mail e ir lá ver ele. Estou revivendo aquele dia da morte dele toda de novo”, afirmou.
Briner morreu na madrugada do dia 10 de outubro em uma UPA de Palmas, após várias visitas à enfermaria da prisão nas semanas anteriores. As causas oficiais da morte ainda não foram divulgadas. O g1 questionou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) sobre o laudo, emitido pelo Instituto Médico Legal (IML), mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.
Briner se comunicando com a família enquanto estava detido
Reprodução/TV Anhanguera
Veja o que diz a Secretaria de Cidadania e Justiça
A Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju) lamenta profundamente a grave falha cometida porocasião do envio de um e-mail com confirmação de visita social à família de Briner César Bitencourt.
A Pasta esclarece que, após questionamento à Unidade Penal Regional de Palmas, a equipe local informou que conta com um sistema automatizado para confirmação de agendamentos das visitas sociais, o que, por certo, não justifica a falha na verificação prévia dos e-mails antes de serem enviados.
Em razão do ocorrido, foi aberta uma Sindicância Disciplinar para apuração quanto aos responsáveis pela ação.
Na manhã desta quinta-feira, 3, o Secretário Deusiano Amorim recebeu os pais de Briner em seu Gabinete, ocasião em que pediu desculpas pelo equívoco e disponibilizou aos familiares assistência com atendimentos psicossociais feitos por equipe especializada na área.
Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.
Fonte: G1 Tocantins